Caraca!

Caraca!
isso é Cueba!
Cassilda!

o homem pulou
e caiu no teto!

Outras voltas

Aquele cara que ali vai
sobe uma rua, desce outra
vira à esquerda, depois à direita
parecendo que anda em círculos,
na mais absoluta verdade verdadeiramente verdadeira
anda certo.
seu caminho é esse mesmo.

ele não está perdido
e nem não sabe o que faz.

ele só acompanha o movimento do planeta.

re-trans-formando-me

re-trans-formando-me

não sei em que grafia

formando-me

não sei de que maneira

trans-formando.

não sei como vou

re-formando.

não importa o quanto eu 

re-me. 

Um Tom

Tão quente e tão vivo,

chega Tom...

bem baixinho, bem suave.

um Tão menor.

seus movimentos são ainda tímidos

não tem mais que 20 centímetros

mas me deixa Tom cheio de mim,

Tão cheio de si.

me deixa enTão
Tão Tom...

Etni

brancos, negros, amarelos,
mamelucos, mulatos, morenos
claros, escuros,
de mil tonalidades.

e gregos, árabes, muçulmanos,
Cambindas, nagôs e americanos,
do norte, central
e do sul: latinos, platinos, andinos.

e minas, hindus, chineses, ibéricos,
russos, budistas, indonésios.
tupis, iorubás, egípcios, Tuaregues,
sunitas, xiitas, Hititas, sauditas.

e Turcos, Judeus, Japoneses, Esquimós,
Europeus, Fariseus, Pigmeus,Mongóis,
Bantos (de todos os cantos), Javaneses, Maoris, Cariris.

e Cazaques, uzbeques, tadjiques, Sérvios,
Montenegrinos, Afegãos, Marroquinos, cristãos,
Bascos, Celtas, Maias, Bororos, Ianomâmis, Guaranis,
Ciganos, Angolanos, Astecas, Toltecas, Persas.

e Incas, Hausas, Ibos, Fulni-ôs, Kalankós, Sírios, Catalães,
Karajás, Kiriris, Tchecos, Ashantis, Kanindés, bretões.
Beduínos, Estônios, Francos, Lusos, Miamis,
Morávios, Núbios, Guajajaras, Eslavos.

e Tupiniquins, havaianos, Palestinos, Escoceses, Sardenhos,
Okambas, Cubanos, Tujias, Iowas, Irlandeses,Salvadorenhos,
shonas, Shuis, Taitianos, Vietnamitas,
Nahannis, Nepaleses, tibetanos, Saingolos, sicilianos,
Silesianos, Tapuias, Xucurus.

o mundo é uma bola
cheia de povos,
pegando fogo.

Domingo

Domingo
Dia dos pais...
pai lá looonge
nem sei onde.

nessas horas prefiro pensar comunista:
"Esta data é apenas mais uma forma de alienação capitalista".

É...
Mas que mesmo assim dá uma saudade, ah, isso dá.

Só pra avisar

Olhem...
só mesmo pra avisar
pra deixar bem claro...

"Tudo é um eco de nada.

Nenhum som teme o silêncio que o extingue

e nenhum silêncio existe que não esteja gravido de sons."

John Cage

"E lá vou eeu!" - poesia citativa

Lá vou eu de novo
não sei pra onde
Re-recomeçando já!
é a sétima ou oitava parada...

sempre achei amaralina um nome bonito
desses de se pôr em filha (apesar de ser meio da moda...)
como na música de Caê:
"no raso da Catarina, nas águas de amaralina, na calma da calmaria"
ou outra:
"no pátio externo uma piscina com água azul de amaralina"

e também citando Alceu
"recomeçando das cinzas eu faço versos tão claros"
ou ainda:
"E agora penso na estrada da vida, tem ida e volta"

já voltamos bastante
agora é só ir!!!
"E lá vou eeu, oh!
e lá vou eeu!"...

Êta porra!!! UHuw!!!

U! COmi MaÇÃ ocA em mAcaU!

U! COmi MaÇÃ ocA em mAcaU!

U!

a cama come maçã oca

Comi maçã oca em Macau

Uau!

A cama me oca

Macau me maçã

Dã!

A maçã come

a cama oca

Em Macau maçã me cama.

Ah!

Macau pára pra comer

Maçã oca

E cama ama

Com Macau oca.

Abobrinhas...

o céu
feito uma abóbora celeste
meleca as abóbodas.

As voltas

mesmo sem idéias as coisas andam
sem pisar em ovos,
sem descer ladeiras.

as coisas andam
mesmo que no fim empaquem
e fiquem disformes.

as voltas servem
de comunhão
de benção
de oração.

as voltas são úteis
para criar sonetos
para criar gametas
para criar o novo.

com a nota mi do meu cavaquinho...

uma nota mi soa -
estala os meus ouvidos
desce pela minha espinha
causando arrepio.
chega ao meu sexo e provoca ereção.
chega enfim ao fim de mim
e desce até o solo.

o êxtase se faz
e o orgasmo acontece
quando o som volta do solo
e se esvai em harmônicos
inaudíveis pela extensão do meu corpo.

O Beijo

O beijo novo.
o beijo de várias cores
o beijo multiplural
diz muito mais do que palavras
politicamente corretas.

Anedota

Chamavam ele de anedota
com fio de café no pulso
(botou no braço mas depois vai tirar)
deu grilhões de safananões nos anões.

Comia mortadela e cachorros quentes de 5 centavos
enquanto o incensário incendiário
incensava a lantejoula na jaula.

assiste aula no jantar.

Mariscava o maxixe e o xaxado
enquanto o crepúsculo comia as aves no céu azul-violeta-abóbora.
violenta abóbora violeta violentada pelo violoncelo.

Aaron Lopes e Hugo Maciel

sentir-ouvir

Na sombra de uma árvore.
deitado na relva, lençol esticado no chão,
vento, muito vento... pôr-do-sol.
cochilar...
cheiro-de-mato, um dia laranja cheio de nuvenzinhas brancas
muitos sons...
de pássaros, de rãs, de formigas, da rodovia muito distante...
dá pra ouvir até o que não é audível...

dá pra ouvir até mesmo eu.
pensando em você.

prometo

prometo escrever mais
prestar mais atenção à vida
escolher apenas uma coisa
e me focar nela.

prometo observar, analisar,
prometo amar melhor, comer melhor,
dormir melhor, levantar bem.

prometo não me render a coisas sem valor
ou de pouco valor
prometo conseguir o que quero,
mesmo não tendo decidido ainda o que seja.

prometo ouvir mais, ver mais, tocar mais,
cheirar mais, lamber mais.
ouvir os gostos, tocar os aromas,
ver os sons, lamber as vistas, cheirar os corpos.

botar mais balangandans e balacobacos
na minha travada postura,
que a partir de agora também será ereta.

prometo,
e vou cumprir.
porque no fim das contas,
as promessas são feitas para serem cumpridas,
e pagas em caminhadas de joelhos, em banhos de mar,
em rezas de terços sem fim, em sacrifícios.

prometo fazer um poeminha melhor da próxima vez...